Já se passava das 23:00
horas da noite quando os trabalhadores em Educação, reunidos em assembleia,
decidiram pela suspensão da Greve. Havia cerca de 5000 trabalhadores de
diversos cantos do estado no pátio da ALMG. Em apoio a nossa luta estavam os
estudantes, movimentos sociais e sindicais e partidos.
A proposta do governo não era aquilo que todos nós desejávamos. Mas não podemos
negar que foi uma vitória e que isto só foi possível pela nossa luta.
O governo reconhece que deve pagar o piso de acordo com a nossa carreira e para
todos, do magistério e do quadro administrativo. Ele reconhece a lei do piso.
Lei que prevê reajustes de acordo com o custo aluno, para janeiro de 2012 está
previsto um reajuste de 16 %.
O Governo também garante a suspensão da tramitação do Projeto de Lei enviado à
Assembleia Legislativa de Minas e a suspensão da aplicação das penalidades que
seriam adotadas em decorrência das liminares concedidas pela justiça decretando
a abusividade da Greve, inclusive demissão dos designados.
Será formada uma comissão de negociação composta por 6 parlamentares e por
representantes do Sind-UTE/MG e do Governo de Minas. Esta comissão ficará
responsável de discutir o enquadramento da carreira dos trabalhadores de acordo
com o piso. Este enquadramento sera escalonado de 2012 a 2015, proposta de
escalonamento que já virou moda entre os governantes.
Não é o que queremos, nossa defesa é de que deve ser pago imediatamente e sem
escalonamento. Mas é o que conseguimos conquistar neste momento.
Porém temos que ficar vigilantes e nos manter mobilizados para que possamos
garantir nossas conquistas. Não podemos confiar no Governo e muito menos nos
deputados. Aprendemos ao longo da história que somente com a nossa mobilização
é possível ter conquistas. Portanto temos que nos manter vigilantes.
Nós da CSP- Conlutas fizemos uma luta implacável
contra os ataques dos governos estadual e federal que pretendiam acabar com a
carreira dos trabalhadores em educação de Minas.
Denunciamos Anastasia (PSDB) por querer destruir a carreira dos trabalhadores,
retirando todos os direitos como biênios, quinquênios e congelamento de
salário, através do subsídio. Denunciamos Dilma e o Ministro Hadad que
apresentaram uma lei de piso para até 40 horas de trabalho com um valor
desatualizado.
O piso segundo a lei é
de R$1.597,00, atendendo ao custo aluno, e Dilma não o atualizou, rebaixando-o
para R$1.187,00. Além disso, o reajuste previsto para janeiro, que seria de
22%, já foi rebaixado pela presidente para 16%. Além disso denunciamos o corte
de verbas da educação para pagamento da dívida externa e investimento em
setores privados feitos pelo Governo Federal. Dilma ainda esteve em Belo
Horizonte, capital mineira, e enfrentou a greve dos operários do Estádio da
Copa, prometeu intervir a favor da greve dos professores e não cumpriu sua
promessa. Aliás em Minas PT e PSDB discutem o apoio ao mesmo candidato do PSB,
Márcio Lacerda, que ataca os movimentos sociais.
Na politica sindical, conseguimos emplacar muitas propostas da oposição
sindical - MEL, Movimento Educação em Luta, na defesa dos direitos dos
trabalhadores.
Denunciamos sintematicamente a CUT e a CNTE que não unificaram as greves no
país. Estados com greves fortes e longas como Alagoas, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Rio de Janeiro ficaram isoladas e foram
blindadas para não atingir o Governo Dilma que deve à educação a atualização do
piso para R$1948,34 para Janeiro de 2012.
Por isso, em todo o país é preciso construir uma nova direção para o movimento
sindical. Essa direção precisa ser independente dos Governos e atender
realmente aos interesses da classe trabalhadora.
Neste momento, outros educadores estão em greve, demonstrando que era possível
fazer uma greve nacional de educação, inclusive exigindo os 10% já para a
educação. A greve de Minas Gerais, 112 dias, a maior da história, mostra o
caminho: enfrentou corte de ponto, substituição ilegal de professores,
ilegalidade da greve, multa de R$600,000,00; demissão de professores
contratados e derrotou parcialmente os governos.
Acreditar na força dos trabalhadores é acreditar numa sociedade mais justa e
igualitária. Acreditar na luta dos trabalhadores é construir o socialismo e
evitar a barbárie da destruição dos serviço públicos como educação, saúde,
moradia e outros direitos sociais.
NOSSA GREVE TEVE VÁRIOS
HERÓIS
Temos que lembrar aqui que esta Greve teve muitos heróis. Temos que reconhecer
a bravura de todos que ficaram 112 dias paralisados, muitos passando
necessidades, mas resistindo bravamente, todos os acorrentados que ficaram na
praça sete, na praça da liberdade, na ALMG e em todos os cantos do estado,
todos os que caçaram incansavelmente o Anastasia aonde ele fosse, os acampados
da Assembléia Legislativa, os companheiros da greve de fome, e os bravos
lutadores que impediram o funcionamento do plenário da Assembléia Legislativa
de Minas Gerais. Não podemos lembrar somente de alguns, mas sim de muitos que
vão ficar para a história da luta em defesa da Educação de Minas e do Brasil.
Com a bravura de todos nós que enfrentamos um dos governos mais truculentos da História de Minas Gerais não seria possível vencer mais esta batalha. Uma das maiores vitórias desta Greve foi que desmascaramos Anastasia para Brasil e o Mundo.
Fonte:http://educacaoemlutamg.blogspot.com/
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