O ano de 1964 tinha
tudo para ser um dos melhores na história do Brasil. O povo brasileiro estava
experimentando um grande nível de consciência e de democracia. A classe
trabalhadora estava confiante nas mudanças que estavam acontecendo e que iriam
acontecer. A reforma agrária era questão de tempo. A liberdade de manifestação
era fato. O povo saía às ruas e se manifestavam abertamente sem receio de
repressão. Isso é um pouco do que estava acontecendo naquele ano e que deixou
irritada a elite nacional e também o governo dos Estados Unidos. Esse último
iniciou um trabalho de espionagem e de criação de um plano para impedir as
liberdades democráticas no Brasil, pois de acordo com sua visão o Brasil estava
caminhando para se tornar um país “comunista”, a partir do governo João Goulart
ou a partir de uma revolução que seria realizada pelo povo. Os Estados Unidos
temiam que o Brasil se tornasse uma nova China.
Diante dessa situação o governo norte-americano se aliou
à elite brasileira e às forças armadas e realizaram um golpe de Estado no dia
31 de março de 1964 iniciando assim a implantação de uma ditadura sanguinária.
A partir desse momento todos aqueles que agiam em defesa da democracia ou de
qualquer coisa que os militares e a elite não concordavam eram perseguidos,
presos, torturados e até mesmo assassinados. Foram 21 anos de terror.
Muitos não se calaram diante das atrocidades cometidas
pelos militares, contudo, desses verdadeiros heróis que lutaram de várias maneiras
contra esse regime do terror, poucos sobreviveram. A repressão foi arrasadora. Contudo,
a juventude não se calou. Os estudantes organizados na UNE realizaram várias
manifestações até que a maioria de seus líderes fosse presa e a entidade fosse
considerada ilegal. Ocorreu ainda o assassinato do estudante Edson Luiz no
restaurante Calabouço no Rio de Janeiro. Os trabalhadores organizados em
sindicatos também reagiram aos horrores desse período. Muitos militantes
sindicais foram presos e torturados como, por exemplo, os conhecidos Lula do PT
e o Zé Maria do PSTU. Ocorreram também várias mortes entre operários lutadores
como foi o caso de Manuel Fiel filho assassinado na prisão.
Os militares aterrorizam o povo brasileiro durante 21
anos enquanto estiveram no poder. Agora precisamos recordar essa data como um
momento em que o Brasil apagou as luzes da democracia e colocou o país na
escuridão das torturas e assassinatos de opositores ao seu regime de barbárie. Contudo,
a luta contra a ditadura ainda não terminou. Muitos desaparecidos políticos, ou
seja, muitos que foram assassinados nos porões da ditadura, ainda continuam sem
ter reconhecida sua luta em favor da derrubada desse regime que foi implantado
através de um golpe de estado, sendo então ilegal, sendo assim, o Estado ainda
não reconheceu sua responsabilidade nesses fatos não assumindo publicamente seu
crime.
A luta ainda permanece também porque muitos resquícios
políticos dessa época continuam na atualidade. A impunidade aos políticos
corruptos continua. E acima de tudo o sistema capitalista ainda permanece como
na época da ditadura militar, pois a concentração de renda que no período
militar foi forte, hoje ainda continua extremamente favorável aos capitalistas.
A luta contra o regime militar era também uma luta contra o capitalismo. Os
lutadores daquela época venceram a ditadura militar, mas falta agora a vitória
sobre o capitalismo que é uma ditadura do capital. Sendo assim, a luta da
classe trabalhadora deve continuar até que o capitalismo seja destruído. Enquanto
existir uma classe que domina e outra que é dominada a luta de classes será uma
realidade e os trabalhadores precisam continuar inflexíveis em sua luta que
busca a construção de uma sociedade igualitária, ou seja, uma sociedade sem
opressores e oprimidos, uma sociedade socialista.
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