sábado, 30 de março de 2013

O golpe de 1964 impôs 21anos de terror




            O ano de 1964 tinha tudo para ser um dos melhores na história do Brasil. O povo brasileiro estava experimentando um grande nível de consciência e de democracia. A classe trabalhadora estava confiante nas mudanças que estavam acontecendo e que iriam acontecer. A reforma agrária era questão de tempo. A liberdade de manifestação era fato. O povo saía às ruas e se manifestavam abertamente sem receio de repressão. Isso é um pouco do que estava acontecendo naquele ano e que deixou irritada a elite nacional e também o governo dos Estados Unidos. Esse último iniciou um trabalho de espionagem e de criação de um plano para impedir as liberdades democráticas no Brasil, pois de acordo com sua visão o Brasil estava caminhando para se tornar um país “comunista”, a partir do governo João Goulart ou a partir de uma revolução que seria realizada pelo povo. Os Estados Unidos temiam que o Brasil se tornasse uma nova China.
            Diante dessa situação o governo norte-americano se aliou à elite brasileira e às forças armadas e realizaram um golpe de Estado no dia 31 de março de 1964 iniciando assim a implantação de uma ditadura sanguinária. A partir desse momento todos aqueles que agiam em defesa da democracia ou de qualquer coisa que os militares e a elite não concordavam eram perseguidos, presos, torturados e até mesmo assassinados. Foram 21 anos de terror.
            Muitos não se calaram diante das atrocidades cometidas pelos militares, contudo, desses verdadeiros heróis que lutaram de várias maneiras contra esse regime do terror, poucos sobreviveram. A repressão foi arrasadora. Contudo, a juventude não se calou. Os estudantes organizados na UNE realizaram várias manifestações até que a maioria de seus líderes fosse presa e a entidade fosse considerada ilegal. Ocorreu ainda o assassinato do estudante Edson Luiz no restaurante Calabouço no Rio de Janeiro. Os trabalhadores organizados em sindicatos também reagiram aos horrores desse período. Muitos militantes sindicais foram presos e torturados como, por exemplo, os conhecidos Lula do PT e o Zé Maria do PSTU. Ocorreram também várias mortes entre operários lutadores como foi o caso de Manuel Fiel filho assassinado na prisão.
            Os militares aterrorizam o povo brasileiro durante 21 anos enquanto estiveram no poder. Agora precisamos recordar essa data como um momento em que o Brasil apagou as luzes da democracia e colocou o país na escuridão das torturas e assassinatos de opositores ao seu regime de barbárie. Contudo, a luta contra a ditadura ainda não terminou. Muitos desaparecidos políticos, ou seja, muitos que foram assassinados nos porões da ditadura, ainda continuam sem ter reconhecida sua luta em favor da derrubada desse regime que foi implantado através de um golpe de estado, sendo então ilegal, sendo assim, o Estado ainda não reconheceu sua responsabilidade nesses fatos não assumindo publicamente seu crime.
            A luta ainda permanece também porque muitos resquícios políticos dessa época continuam na atualidade. A impunidade aos políticos corruptos continua. E acima de tudo o sistema capitalista ainda permanece como na época da ditadura militar, pois a concentração de renda que no período militar foi forte, hoje ainda continua extremamente favorável aos capitalistas. A luta contra o regime militar era também uma luta contra o capitalismo. Os lutadores daquela época venceram a ditadura militar, mas falta agora a vitória sobre o capitalismo que é uma ditadura do capital. Sendo assim, a luta da classe trabalhadora deve continuar até que o capitalismo seja destruído. Enquanto existir uma classe que domina e outra que é dominada a luta de classes será uma realidade e os trabalhadores precisam continuar inflexíveis em sua luta que busca a construção de uma sociedade igualitária, ou seja, uma sociedade sem opressores e oprimidos, uma sociedade socialista.

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