segunda-feira, 19 de julho de 2010

BREVE HISTÓRIA E ANÁLISE DA LUTA DO TRABALHADOR

“A história de toda sociedade até nossos dias é a história da luta de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre e oficial, em suma, opressores e oprimidos sempre estiveram em constante oposição; empenhados numa luta sem trégua, ora velada, ora aberta, luta que a cada etapa conduziu a uma transformação revolucionária de toda a sociedade ou ao aniquilamento das duas classes em confronto”.
Estas palavras de esclarecimento de Karl Marx e Friedrich Engels compõem os dois primeiros parágrafos do Manifesto do Partido Comunista escrito em 1848. Elas deixam claro que a luta do trabalhador existe desde que o homem iniciou seu processo de domínio sobre seu semelhante com o objetivo de viver às custas deste que foi dominado.
Sendo assim, hoje a realidade não é diferente. Todos os trabalhadores continuam lutando com o objetivo de conquistar transformações que venham ao encontro de seus desejos, e a justiça social proporcionando a plena igualdade entre os homens é o que mais deseja o trabalhador. O proletariado, independente da condição em que se encontra será o único capaz de realizar uma transformação capaz de levar o mundo a viver em paz e com igualdade.
Dentro de nossa realidade capitalista, lembramos que foi a partir da Inglaterra com a Revolução Industrial que tudo começou. A extrema exploração sobre os trabalhadores daquela época parece inacreditável. Além de não terem nenhum tipo de lei que os protegessem, e consequentemente, por falta destas leis, trabalhavam em média 14 horas diárias, chegando ao absurdo, em alguns casos e momentos, de serem obrigados a dedicarem 18 horas por dia de trabalho nas piores condições possíveis. As crianças também eram alvo dessa exploração desmedida. Com apenas cinco anos de idade muitas já eram obrigadas a enfrentar esta desumana jornada de trabalho, uma vez que o salário dos pais não eram o suficiente para alimentar toda a família. As mulheres, além de terem seus salários inferiores aos dos homens sofriam abusos sexuais sem poderem reclamar, pois se isso ocorresse, perderiam seus empregos e consequentemente as migalhas que lhe garantiam a sobrevivência. É bom ressaltar que “por volta de 1820, em Londres, cidade industrial da Inglaterra, a idade média de vida dos operários era de 21 anos” (GIANNOTTI, 2007).
Nesta mesma época iniciam a formação dos primeiros sindicatos neste país. A princípio o governo reprime com violência não aceitando qualquer tipo de manifestação por parte dos trabalhadores. Somente “em 1825, o Parlamento inglês reconheceu o direito de livre associação para os operários, direito esse que a classe burguesa já tinha há quase dois séculos” (GIANNOTTI, 2007). A partir desse fato as manifestações operárias em todo o mundo continuaram a pressionar seus governantes e pouco a pouco vão conseguindo através de legislações o direito de se associarem.
No Brasil a industrialização iniciou-se tardiamente em relação aos paises europeus e aos Estados Unidos. Somente a partir do inicio do século XX é que os movimentos operários começaram a se demonstrar mais efetivos e organizados devido à presença de imigrantes europeus. Isso não significa que em tempos anteriores os trabalhadores não se demonstrassem insatisfeitos com a situação de exploração a que eram submetidos, basta lembrar dos trabalhadores escravos que resistiram de todas as maneiras contra sua situação de escravos, formaram, eles, vários quilombos. Também mesmo em pleno escravismo havia trabalhadores assalariados que fizeram greves exigindo melhores salários e melhores condições de trabalho.
Segundo Vito Giannotti, somente em 1907, por um decreto governamental, é que foi regulamentada a criação de sindicatos e cooperativas. No entanto, segundo este mesmo autor, esse decreto que aparentemente reconhecia a existência dos sindicatos, na prática era uma tentativa de controlá-los.
A partir desse momento os trabalhadores brasileiros não mais deixaram seus governantes fazerem o que bem entendiam. A luta é pela categoria, mas também por uma política que atenda os anseios dos trabalhadores. Os trabalhadores passaram de maneira honrosa por momentos de extremas dificuldades em nossa história, dando inclusive a própria vida para que mudanças ocorressem em beneficio de todos. Os períodos da ditadura Vargas e a ditadura militar foram momentos terríveis em nossa história, contudo os trabalhadores não abaixaram a cabeça deixando sua classe ser explorada e esmagada por essas ditaduras sanguinárias.
Apesar de toda luta travada por séculos no Brasil e no mundo os trabalhadores enfrentam atualmente uma grande paralisia. Esta situação é diagnosticada a partir de uma análise sobre o sistema neoliberal imposto pela Inglaterra e Estados Unidos a partir do início da década de 1980. Com esse sistema aumenta a exploração sobre o trabalhador em todo o mundo, o desemprego aumenta inclusive nos países europeus e nos Estados Unidos, a concentração de renda é cada vez maior. Com isso o capitalismo do modelo americano e inglês dá enormes passos em direção ao domínio de todo mundo. Os trabalhadores parecem não ter forças para enfrentar tanta exploração.
A educação é uma das formas mais eficientes para atingirmos nossos objetivos. Nossa luta deve continuar educando nossos irmãos, nossos vizinhos, nossos amigos e até mesmo inimigos que possam se tornar nossos companheiros nessa batalha. E acima de tudo educar nossos alunos porque estes sim poderão verificar, com nossa ajuda, as mazelas que esses governos que atendem aos interesses apenas do capital praticam contra o povo trabalhador. O trabalhador da educação é um potencial transformador de seu tempo, pois ele possui as maiores e melhores armas, a consciência e a condição de transmiti-la aos demais. Devemos todos lutar por um mundo melhor, só assim a miséria que grande parte da humanidade enfrenta poderá ser dizimada. É dever dos educadores abraçarem essa causa porque ninguém melhor que esses trabalhadores para observar os resultados que a desigualdade social provoca nos seres humanos. As salas de aula estão repletas de jovens desajustados e o diagnostico, para os profissionais que não querem fechar os olhos para a realidade de nosso país e do mundo, é sempre o mesmo: a exploração exercida pelos capitalistas provocando uma concentração de renda, deixando grande um número de pessoas vivendo na miséria. Além disso, a campanha ideológica realizada a todo momento e em todos os lugares pelos que detém poder político e econômico tornam as pessoas alienadas acreditando que está tudo bem e certo da forma que está. O trabalho dos educadores é enorme, por isso, não podem deixar se enganar pela ideologia dominante devem seguir com o intento de criar um mundo justo para todos, pois como está no último parágrafo do Manifesto do Partido Comunista já mencionando, “Os trabalhadores nada têm a perder, exceto seus grilhões. Têm o mundo a ganhar”.

Gilberto José de Melo – Diretor da Subsede de Patrocínio do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais.

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